🍷 Comer é Amar: Canibalismo Simbólico como Estrutura de Poder e Intimidade
Introdução – por Caroline lie
Existe algo mais íntimo do que deixar alguém entrar na nossa mente, no nosso corpo, nos nossos desejos mais profundos? Em algumas narrativas sombrias — e fascinantes — esse tipo de entrega ganha uma forma radical: consumir o outro. Literalmente. Mas e se esse ato canibal for, na verdade, uma metáfora? Uma maneira extrema de falar sobre amor, obsessão, controle e a vontade de possuir alguém por completo?
Neste ensaio, exploro como o canibalismo simbólico aparece como representação do amor absoluto (e perigoso) em duas obras que elevam o horror psicológico a uma linguagem do desejo: a série Hannibal e o k-drama sombrio Stranger from Hell. Nessas histórias, o amor não é apenas afeto — ele é um apetite, uma fome de fusão. Um desejo tão intenso que ultrapassa a barreira do aceitável.
Mais do que mostrar cenas perturbadoras, essas narrativas nos convidam a pensar: até que ponto o amor é um ato de entrega? Quando o carinho se transforma em dominação? Será que, no fundo, amar é mesmo querer devorar o outro — apagar suas fronteiras, torná-lo parte de si?
Ao longo dos próximos posts, vou mergulhar nessas questões com uma lente crítica, inspirada na psicanálise, na estética do horror e nos estudos culturais. Você vai perceber que o canibalismo, longe de ser apenas grotesco, pode ser uma poderosa metáfora para a forma como nos relacionamos, nos conectamos — e às vezes nos destruímos — em nome do amor.
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