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🪓 Lumberjack the Monster : A Face Psicótica da Justiça e o Horror como Espelho Moral  Takashi Miike retorna para dissecar a monstruosidade humana — armado com bisturi, máscara e serra elétrica, explorando o limiar entre justiça e vingança. 1. 🧠 Introdução: Takashi Miike e o Cinema do Excesso como Crítica Social Takashi Miike é um dos cineastas mais prolíficos e controversos do cinema contemporâneo, cuja obra transita incansavelmente entre o grotesco, o bizarro e o sublime. Sua assinatura estética é marcada pela hibridização dos gêneros — combinando horror, crime, drama psicológico e até humor negro — e por um uso radical da violência que vai além do choque gratuito: ela funciona como discurso, símbolo e análise social. Lumberjack the Monster insere-se nesse universo, adaptando um romance criminal de Mayusuke Kurai, mas transformando a narrativa em um estudo alegórico do trauma e da justiça psicótica. O filme não é só um thriller de horror, mas uma dissecação brutal das contradiç...
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🔪 Dead Friend Forever: Quando o Amor Também Mata Estavam com saudades, queridos? Pois então, voltei! Peço desculpas pela demora. Conciliar faculdade, trabalho, iniciação científica e ainda manter um blog não é nada fácil — mas o que eu não faço por um hobbie, não é mesmo? Hahaha. Espero que gostem do texto, porque esse aqui é especial. :) 🧠 Entre Fantasmas e Desejos: Um BL Possuído Dead Friend Forever (DFF) não é apenas mais uma série BL com garotos bonitos, química superficial e aquela tensão romântica clichê. É uma narrativa carregada de fantasmas — reais e simbólicos — onde o passado não só retorna para assombrar, mas para devorar o presente. Em meio a uma estética gótica moderna, que mistura elementos clássicos do horror com uma sensibilidade contemporânea, DFF se destaca por tensionar o que há de mais íntimo nas relações humanas: a amizade que sufoca, o desejo que adoece e a culpa que mata. Aqui, o espectro da morte não é uma simples ameaça sobrenatural, mas uma metáfor...
🧟‍♀️ Orgulho, Preconceito e Zumbis: Entre Bailes, Espadas e Desejos Reprimidos Quem disse que um clássico da literatura não pode sangrar (literalmente)? Orgulho e Preconceito e Zumbis , a adaptação inusitada e deliciosamente absurda do romance de Jane Austen, mistura zumbis, kung-fu e crítica social sem perder o coração da história original. Mas essa carnificina não é só estética: ela serve como metáfora potente para os conflitos internos, sociais e afetivos que Austen já havia mapeado com precisão no século XIX. Neste post, vamos além da diversão gore e dos duelos coreografados. A proposta aqui é pensar: por que misturar romance de época com horror funciona tão bem? O que essa adaptação diz sobre o desejo, o corpo, o medo e — claro — o amor? 🩸 Uma Inglaterra Infestada de Mortos… e de Convenções Sociais O grande charme de Orgulho e Preconceito e Zumbis é o contraste entre o cenário aristocrático e as cenas de carnificina. A etiqueta do século XIX colide com a urgência da so...
🩸 Hannibal e Stranger from Hell : Comparando o Amor Canibal Como Estrutura de Poder O que Hannibal e Stranger from Hell têm em comum? À primeira vista, são dois universos de terror psicológico, com cenas perturbadoras e personagens extremamente complexos. Mas, se olharmos com mais atenção, ambos exploram uma ideia ainda mais profunda: o amor como canibalismo simbólico . O canibalismo, aqui, não é apenas um ato de violência física, mas um reflexo da dinâmica de poder que rege as relações humanas. Em ambas as obras, os personagens principais — Hannibal Lecter e Seo Moon-jo — não apenas controlam suas vítimas, mas buscam, através do amor, destruir a identidade do outro e fazer com que o outro se torne parte de si . O que vemos nessas duas histórias é uma análise brutal e crítica do que significa amar na sociedade contemporânea, e até onde esse amor pode ir quando se mistura com obsessão e controle. 🥩 Hannibal : O Amor Como Obsessão Refinada Em Hannibal , o amor é um ritual , ...
🔪 Stranger from Hell : Quando a Intimidade Se Torna Prisão “Eu posso ver através de você. E isso é o que você tem medo.” — Seo Moon-jo Em Stranger from Hell (OCN, 2019), a ideia de que a verdadeira violência está no que não vemos é trazida à tona de forma imersiva e aterrorizante. Mas o que torna esse thriller psicológico tão perturbador é a forma como ele explora a intimidade como um espaço de controle absoluto e manipulação. Não estamos falando de uma relação convencional, onde um amor se desenvolve; aqui, o amor é uma faca afiada, cortando o vínculo de forma gradual, até que não reste mais nada, senão a possessão do outro. O enredo gira em torno de Yoon Jong-woo, um jovem que se muda para uma pensão nos subúrbios de Seul, onde seus inquilinos parecem ser muito mais do que aparentam. À medida que os episódios avançam, os moradores da pensão se revelam seres de desejos e impulsos sombrios, liderados pelo misterioso Seo Moon-jo, cuja identidade é alimentada pela ideia de com...
🥩 Hannibal: Amor, Estética e o Desejo de Devorar “Killing must feel good to God too... He does it all the time. And are we not created in His image?” — Hannibal Lecter Na série Hannibal (NBC, 2013–2015), o horror não grita — ele sussurra, cozinha lentamente, se serve em pratos elegantes. A violência é silenciosa, ritualística, quase amorosa. E, nesse cenário refinado e perturbador, nasce uma das relações mais intensas e simbólicas da ficção contemporânea: Hannibal Lecter e Will Graham. Muito além da estética do crime, Hannibal é uma narrativa sobre desejo — e sobre o desejo de fusão total com o outro . Hannibal não quer apenas ser próximo de Will: ele quer habitá-lo, moldá-lo, devorá-lo. E não é à toa que o ato de alimentar-se — sobretudo de carne humana — é tratado com sensualidade e afeto. Comer, aqui, é mais do que nutrir-se: é apropriar-se da essência do outro , como quem diz “eu te amo” com um garfo na mão. 🍷 Uma relação entre caçador e presa — ou entre espelho e refl...
🍷 Comer é Amar: Canibalismo Simbólico como Estrutura de Poder e Intimidade Introdução – por Caroline lie  Existe algo mais íntimo do que deixar alguém entrar na nossa mente, no nosso corpo, nos nossos desejos mais profundos? Em algumas narrativas sombrias — e fascinantes — esse tipo de entrega ganha uma forma radical: consumir o outro. Literalmente. Mas e se esse ato canibal for, na verdade, uma metáfora? Uma maneira extrema de falar sobre amor, obsessão, controle e a vontade de possuir alguém por completo? Neste ensaio, exploro como o canibalismo simbólico aparece como representação do amor absoluto (e perigoso) em duas obras que elevam o horror psicológico a uma linguagem do desejo: a série Hannibal e o k-drama sombrio Stranger from Hell . Nessas histórias, o amor não é apenas afeto — ele é um apetite, uma fome de fusão. Um desejo tão intenso que ultrapassa a barreira do aceitável. Mais do que mostrar cenas perturbadoras, essas narrativas nos convidam a pensar: até que p...